Josué conduz Israel na Travessia do Jordão
Leitura Bíblica Josué 3.1-17.
Introdução:
I. De Sitim à Margem Oriental do Jordão
II. Josué exorta o povo à santificação
III. Josué apronta o povo para a travessia milagrosa
Conclusão:
Autor deste comentário: Pr. Elienai Cabral (Autor das obras: O pregador Eficaz; ASíndrome do Canto do Galo; Mordomia Cristã, entre outros);
Este texto faz parte da obra que acompanha as lições bíblicas deste trimestres
Introdução:
Liderança significa mobilizar as pessoas em direção ao objetivo palmilhado pelo líder e seus seguidores. Liderança é conseguir que outros desejem fazer algo que você está convencido de que deve ser feito. Liderança é, também, fazer as coisas certas. Por isso, Josué estava seguro de si e confiado na direção de Deus para mobilizar o povo a enfrentar todos os riscos com a certeza da vitória. O povo, alimentado pelas boas notícias dos espias com a perspectiva da entrada na terra de Canaã reconheceu que Deus estava com Josué e que deveria segui-lo.
Josué deixa Sitim e chega as bordas do rio Jordão
“Levantou-se, pois, Josué de madrugada, e partiram de Sitim, e vieram até ao Jordão, ele e todos os filhos de Israel, e pousaram ali antes que passassem” (Js 3.1).
Israel chegara ao limiar da Terra Prometida e não podia recuar.
O desafio do dia seguinte tinha a promessa de que Deus faria maravilhas (3.5) e começaria com a movimentação de saída do povo do lugar em que estava em Sitim partindo em direção às bordas do Jordão (3.1).
O grande teste de fé de Josué ainda estava por vir. O caudaloso rio desafiava aquele povo de proezas incríveis porque, a despeito de sua vulnerabilidade espiritual negativa, Deus sempre realizava proezas com e por este povo.
O relatório auspicioso dos dois espias provocou um estado de euforia em todo o povo, de tal forma, que a força e a correnteza daquelas águas do Jordão não assustavam. Após ter recebido o relatório dos espias, Josué não perdeu tempo. Apressou-se a convocar o povo para que se levantasse e fosse para a beira dentro do rio para que Israel passasse para o outro lado.
Sitim, uma Lembrança Inesquecível (3.1)
Sitim era uma planície próxima ao Jordão na qual Israel se acampou antes da travessia do rio Jordão. Sitim um nome cujo significado era “árvore de acácia” ficava numa região que havia muito dessa árvore da qual se tirava uma resina odorífera. Sitim ficava distante uns 12 quilômetros do rio Jordão, defronte de Jericó. Não confundir com um outro local com o mesmo nome, o vale de Sitim (Jl 3.18) que era um vale árido na extremidade noroeste do mar Morto. Porém, o local onde estava acampado Israel antes de atravessar o Jordão era o local próximo ao Jordão. Foi um lugar de experiências boas e más.
Em Sitim, os israelitas tomaram parte na idolatria imoral dos moabitas (Nm 25.1; 31.16; Mq 6.5). A despeito de tudo quanto Moisés havia ensinado e procurado restaurar a vida espiritual na relação com Jeová — o Deus de Israel — o povo era obstinado e rebelde. Mesmo assim o Senhor não desistiu do seu projeto feito com Abraão e confirmado com Jacó e, por último, com Moisés.
Nesse lugar, Josué ouviu a voz de Deus orientando-o sobre os desafios que tinha pela frente. Jericó estava situada além do Jordão, a dez ou onze quilômetros de Jericó e, para chegar até lá, o povo teria que atravessar o rio que estava num período de muita chuva e enchentes. Em Sitim, o último lugar antes da conquista, Israel deveria lembrar apenas como o lugar em que Deus fez a promessa da conquista e a cumpriria. Foi o ponto de partida para o milagre. O texto diz literalmente: “E partiram de Sitim, e vieram até ao Jordão” ( 3.1).
Chegando às Bordas do Jordão (Js 3.1,8).
Embora Josué não soubesse o que Deus faria para que Israel atravessasse o Jordão, ele cria piamente que o milagre aconteceria. O tempo era de enchente no Jordão (Jr 12.5; 49.19), e conforme a recomendação divina, era o nono mês de nisã, correspondente a abril (Js 4.19).
Josué e o povo foram instruídos para confiarem de que Deus os guiaria de modo diferente da experiência que tiveram no deserto quando eram guiados pela coluna de nuvem no deserto (Êx 13.21). Agora, a direção divina indicaria outro modo de guiar os destinos de Israel. Israel teria que seguir a Arca do concerto, como sinal da presença de Deus na vida de Israel. Esse comportamento do povo lhe daria condições para atravessar o Jordão para o outro lado. A obediência à estratégia divina é de fundamental importância aos que desejam obter vitórias nos empreendimentos da vida.
Todo líder chamado por Deus tem como experiência o seu Jordão. É aquele obstáculo que humanamente é impossível. Na obra do Reino de Deus não basta os talentos naturais e intelectuais de um líder para fazer a sua obra. Existe uma diferença no modo de decidir sobre certas atitudes que um líder deve tomar em algumas circunstâncias. Essa diferença está no campo espiritual. O líder cristão age, não apenas pela sua capacidade humana, mas ele precisa aliar sua capacidade à direção de Deus para não cometer erros. O líder cristão depende de Deus para algumas decisões. Existem aquelas decisões que dependem apenas do líder, da sua inteligência e capacidade de decidir.
Outras, entretanto, no campo ministerial do Reino de Deus, dependem da direção do Espírito Santo em sua mente. Existe um limite da capacidade de cada líder para a eficiência de sua liderança. No caso do Jordão, o obstáculo era intransponível. Josué tinha que acreditar no plano de Deus e convencer e influenciar decisivamente a vontade de todo o povo de Israel e acreditar que outro grande milagre aconteceria, como foi com a travessia do mar Vermelho.
A Arca do Concerto, Sinal da Presença de Deus (Js 3.3,4)
Deus estabeleceu um novo símbolo visual de direcionamento da caminhada de Israel para a Terra Prometida. Anteriormente, Israel era liderado por Moisés e a direção no deserto era visualizada por uma “coluna de nuvem “de dia e “a coluna de fogo” à noite. Esta ação e demonstração diretiva de Deus para com Israel na peregrinação no deserto encerraram quando Israel se aproximou da fronteira da terra de Canaã. A partir do Jordão, a direção divina seria representada pela Arca do Concerto e a liderança de Josué (Js 3.3-6).
Ora, o ponto de partida para o milagre da parada da correnteza das águas do Jordão seria a presença da Arca do Concerto sobre os ombros dos sacerdotes-levitas à frente do povo.
Na tipologia bíblica, a Arca representa Cristo. A arca do Concerto era constituída de dois materiais distintos: madeira e ouro. A madeira tipifica a perfeita humanidade de Cristo e o ouro simboliza a divindade de Cristo. Aprendemos na Bíblia que Cristo possuía duas naturezas: a humana e a divina. A relação que o crente em Cristo tem com o próprio Cristo nos revela que Ele é a nossa propiciação (Lc 18.13; Rm 3.25).
A palavra propiciação, na língua grega do NT é hilasterion e significa “fazer um sacrifício que torne propício o favor de Deus para alguém”. Jesus, a semelhança da Arca do Concerto, se tornou a nossa propiciação garantindo o nosso perdão. Na ordem para a travessia do Jordão, a “Arca do Concerto”, levada pelos sacerdotes-levitas nos ombros, passou adiante do povo para garantir a passagem segura do povo pelo meio do rio. Era a garantia da salvação de Israel. Tipologicamente, Jesus abriu um novo e vivo caminho à presença do Pai Celestial (Hb 10.19-22). Por isso, a Arca do Concerto simbolizava a presença de Deus na vida do seu povo.
Josué santifica o povo antes de entrar no Jordão
“Disse Josué também ao povo: Santificai-vos, porque amanhã fará o Senhor maravilhas no meio de vós” (Js 3.5).
A santificação do povo significava a “separação” de toda e qualquer idéia de que a conquista seria mérito da ação audaciosa de Israel. Deus queria que o povo ao santificar-se entendesse que a conquista seria o fruto da manifestação da glória de Deus. Josué era temente a Deus e tinha a convicção de que todas as coisas que estavam acontecendo tinha o dedo de Deus dirigindo a vida do seu povo ao propósito que havia estabelecido para ser alcançado. Alguns aspectos chamam a atenção nesta operação divina para com o Israel.
Em primeiro lugar, a santificação precedeu a operação milagrosa. O rio caudaloso do Jordão estava transbordando. O tempo era chuvoso e as águas cresceram e invadiram todas as bordas do rio, por isso, aquele rio era, na verdade, uma formidável barreira na travessia de Israel para o outro lado. Não havia qualquer possibilidade física ou natural de atravessar aquele rio.
Mas Deus desafiou a Israel a que se santificasse, no sentido de reconhecer a sua soberania sobre todas as coisas e desse a Ele a oportunidade de mostrar o grande milagre de fazer as águas formarem duas muralhas líquidas e ficasse aberto no meio um caminho seco para que todo o Israel passasse para o outro lado. O sinal da presença divina era a “Arca do Concerto”.
Em segundo lugar, a santificação é requisito divino para alcançar as grandes vitórias espirituais. A santidade é um estado eterno de Deus (1 Sm 2.2; Is 6.3; Ap 3.7; 4.8). Ele não depende de “santificar-se”, porque Ele é santo sem correr o risco de perder essa posição. Entretanto, por seu Espírito, Deus nos santifica para que tenhamos comunhão com Ele. Deus é santo, e por esta razão tudo que é associado a Ele também é santo ou santificado. A ordem para que Israel se santificasse (Js 3.5) implicava em fazer que o povo entendesse que o milagre seria precedido pela consciência de que Israel era do Senhor, por isso, era santo e separado exclusivamente para a glória do seu nome na terra (Lv 19.2; 20.7,26; 1 Pe 1.16).
Israel era o povo santo de Deus e teria que reconhecer que todos os atos da soberania divina em seu favor resultavam da santidade inerente dEle e da santificação do seu povo. Deus estava ensinando a Israel através do seu líder que o povo deveria aprender a fazer diferença entre o que era santo e o que era profano (Ez 42.20). A santificação do povo implicava em abster-se de toda obra carnal e santificasse aquele dia para participar da operação de Deus no Jordão.
Josué organiza a travessia milagrosa do Jordão (3.1-5.1)
A travessia do Jordão era o desafio que Josué tinha como líder do povo. Ele não podia assumir uma postura isolada naquela travessia. Ele tinha manter viva a consciência de que não estava sozinho naquela liderança. Ele precisava delegá-la aos seus liderados para que a responsabilidade fosse partilhada por todos. Josué percebeu que podia confiar no ânimo do povo que estava pronto para marchar a qualquer momento que ele desse a ordem de saída. Josué conseguiu convencer o povo de que o Senhor estava com eles. Nos versículos de 1-6, o povo estava organizado e pronto a obedecer a ordem de comando.
Josué Garante que o Deus Vivo Estava no meio do Povo (Js 3.10)
Quando Josué deu a ordem de saída de Sitim e caminhar até as bordas do Jordão, ordenou, também, que antes, todo o povo deveria se santificar e, depois de três dias, sem dúvida, todo o Israel estaria preparado para a travessia do Jordão. A travessia era, humanamente impossível, pois o rio estava muito cheio. Josué precisava estar convicto da absoluta suficiência de Deus naquele empreendimento. Seus liderados (o povo) precisavam perceber que Deus estava com Josué e com o povo. Josué foi enfático e decisivo ao declarar ao povo que o milagre aconteceria porque Deus estava no meio de tudo e Ele era o Deus Vivo que agiria fortemente e abriria caminho pelo meio do Jordão para que Israel passasse. Josué tinha plena certeza de que Deus operaria em favor do seu povo, desde que o povo obedecesse a estratégia divina da vitória. Não se tratava de uma operação humana ousada que dependesse do esforço do povo.
A Arca do Concerto Estaria adiante do Povo (Js 3.7,8)
A presença de Deus seria materializada na Arca do Concerto. Era a prova da presença de Deus naquele evento. Os sacerdotes levitas puseram a Arca sobre os ombros e o povo andou atrás da Arca do Concerto. Era a certeza de que algo sobrenatural estava para acontecer e o povo creu nisto. Conforme a ordem os sacerdotes chegaram nas bordas das águas do Jordão e molharam os pés e pararam ali. A obediência é pré-requisito para o agir de Deus.
Josué Fala ao Povo as palavras do Senhor (Js 3.7-10)
Antes de falar ao povo, Josué ouviu a voz de Deus falar-lhe de modo especial e garantir-lhe, mais uma vez: “Hoje começarei a engrandecer-te perante os olhos de todo o Israel, para que saibam que, como fui com Moisés, assim serei contigo” (v.7).O ato de engrandecer a Josué diante do povo tinha a finalidade de garantir a ele que a sua liderança seria confirmada diante do povo, porque o Senhor o engrandeceria.
Para que a liderança de Josué fosse aceita sem reservas por parte dos chefes de famílias de Israel, Deus sabia que precisava empossá-lo como líder enquanto executava a missão de conduzir o povo na travessia do Jordão. Para ser engrandecido perante o povo, Josué precisava servir como uma luz forte que refletisse a direção divina. Deus queria exaltar o seu servo perante os olhos de todo o povo para que houvesse temor e respeito pela sua liderança. O Senhor deu-lhe confiança íntima de que não estaria sozinho.
Posteriormente, com todo o povo junto ao rio e com os sacerdotes aos pés na borda das águas, Josué demonstrou sua liderança diante do povo e disse: “Nisto conhecereis que o Deus vivo está no meio de vós” (Js 3.10).
No versículo 10, Deus lembrou a promessa feita a Abraão e a Moisés de que sete nações que habitavam no outro lado do rio, na terra de Canaã, seria cumprida e todos aqueles povos seriam tirados daquela terra. Aparecem no texto a lista das sete nações que o Senhor os lançaria fora de diante do seu povo. São eles: os cananeus, os heteus, os heveus, os ferezeus, os girgazeus, os amorreus e os jebuzeus (Js 3.10). Em capítulo especial falaremos desses povos e o que eles representavam como ameaça à vida moral e espiritual de Israel.
Josué Ordena ao Povo a Travessia do Jordão (Js 3.14-17)
À frente do povo iria a Arca do Concerto que significava a certeza visível da presença de Deus. A Arca passaria diante do povo e todo aquele que olhasse para a Arca podia ter a certeza de que Deus estava com eles. Deus era o centro de tudo e Josué era o seu líder para conduzir o povo à grande vitória. Os sacerdotes conduziram a Arca e quando molharam os pés na borda das águas (v.15), o milagre começou a acontecer. Os racionalistas têm dificuldades em aceitar essa operação divina, e declaram que o texto tem um tom alegórico, porque seria impossível que as águas formassem uma parede e que o fluxo das águas fosse detido
.
Diz o texto bíblico que as águas que vinham de cima em sua correnteza normal formaram um montão de água como se fosse um montão de pedras. A forte correnteza das águas parou e começou a retroceder até a cidade de Adã que ficava a quase 50 quilômetros rio acima (Js 3.17). Era uma demonstração poderosa do Deus de Israel perante todas as nações pagãs que viviam naquela região.
Josué fortaleceu sua imagem de líder entre o povo e ninguém mais teve dúvidas de que ele era o homem escolhido por Deus para conduzir o povo a conquista da terra prometida.
Conclusão:
Este milagre propiciou a Josué o fortalecimento de sua liderança com o povo de Israel por que Deus o engrandeceu, não só perante o povo, mas também, perante os olhos dos povos pagãos que testemunharam o milagre. Deus reiterou seu poder e majestade na história de Israel, revelando-se como o “Deus Vivo” que cuida do seu povo.
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